No dia 19 de abril, FSC® Brasil destaca importância dos povos indígenas para a conservação das florestas

Em todo o mundo, as terras indígenas ocupam 38 milhões de quilômetros quadrados, ou seja, cerca de um quarto de toda a terra fora da Antártida. E toda essa área é muito valiosa para conservação. Mais de 6o% das terras indígenas não foram intensamente desenvolvidas e, mais do que isso, elas podem servir de exemplo e inspiração.

Terras indígenas oferecem soluções criativas e duradouras de manejo responsável

No Brasil, especificamente, vem sendo verificado um aumento das invasões a terras demarcadas nos últimos anos, após cortes nos recursos para fiscalização das terras indígenas e unidades de conservação. “Diante das diversas pressões sofridas, como desmatamento e mineração ilegais, viabilizar formas alternativas de sustento e renda por meio do manejo responsável de produtos não madeireiros fortalece a ligação dos indígenas com a terra e promove a conservação, porque valoriza a floresta em pé”, explica Daniela Vilela, diretora executiva do FSC Brasil.

E os benefícios não ficam restritos às terras indígenas e seus povos. Entre os muitos serviços ambientais prestados por essas florestas, para a sociedade, estão a proteção dos estoques de carbono e da biodiversidade, a conservação do solo e a preservação dos ciclos da água e das chuvas. Além disso, esses territórios podem – e devem – ser vistos como fornecedores de soluções inovadoras para desafios globais, como as mudanças climáticas e a exploração predatória dos recursos naturais.

Um exemplo a ser seguido é a produção de castanha na Terra Indígena Sete de Setembro, que se estende de Cacoal, em Rondônia, até Aripuanã, no Mato Grosso. Ali, em 2016, a Associação Soenama, que reúne as comunidades Iratana e Mauíra, conquistou a certificação FSC de manejo florestal e cadeia de custódia, para uma área de 91 hectares onde são produzidos babaçu e castanha-do-brasil in natura. Poucos anos depois, foi a vez da Associação Metareilá, que representa as aldeias Tikã, Lapetanha, Joaquim e Apoena Meireles, obter a certificação de quase 500 hectares.

Na safra atual, a Cooperativa de Produção e Extrativismo Sustentável da Floresta Indígena Garah Itxa do Povo Paiter Suruí já vendeu 20 toneladas de castanha e se prepara para entregar mais 26 para a Cooperativa dos Agricultores do Vale do Amanhecer (COOPAVAM), no Mato Grosso. A capacidade de produção, no entanto, pode chegar até 120 toneladas. “Nós, indígenas, tiramos o nosso sustento da própria floresta e demos um passo muito grande ao conseguir a certificação da nossa castanha. Queremos que ela seja reconhecida e que possamos vender por um preço justo no mercado nacional e internacional“, explica o líder indígena Rubens Naraikoe Suruí,

O FSC sempre valorizou o papel dos povos indígenas na conservação das florestas, tanto que, em 2018, criou a Fundação Indígena para servir como ponte para a criação de alianças multisetoriais, com foco em soluções criativas e duradouras, para a gestão sustentável dos territórios indígenas. Ao obter uma certificação internacional, os povos indígenas conseguem comunicar os impactos positivos do seu trabalho e conquistar reconhecimento. A influência indígena precisa ser contada e respeitada. E, mais do que isso, grande parte da vida selvagem da terra – e a nossa própria sobrevivência, portanto, depende dos povos indígenas e da forma como os tratamos.

Fonte: br.fsc.org